Descalça vai para a fonte Leonor pela verdura: Vai formosa e não segura.
II
Se tivesse umas chinelas iria melhor...; mas não: com dinheiro das chinelas compra um pouco mais de pão. Virá o dia em que os pés não sintam a terra dura? Leonor sonha de mais: vai formosa e não segura.
Formosa! Não vale a pena ter nos olhos uma aurora quando na vida – que vida! – o sol se foi embora. Se os filhos se alimentassem com a sua formosura... Leonor pensa de mais: vai formosa e não segura.
Há verduras pelos prados, há verduras no caminho; no olmo de ao pé da fonte canta, livre, um passarinho, Mas ela não canta, não, que a voz perdeu a doçura. Leonor sofre de mais: vai formosa e não segura.
Porque sofre? Nunca soube nem saberá a razão. Vai encher a talha de água, só não enche o coração. Virá um dia... virá... Os olhos voam na altura Leonor não anda: sonha. Vai formosa e não segura.
LEONOR
A Leonor continua descalça, o que sempre lhe deu certa graça.
Pelo menos não cheira a chulé e tem nuvem de pó sobre ò pé.
Digam lá se as madames do Alvor são tão lindas como esta Leonor
Um filhito ranhoso na mão, uma ideia já podre no pão.
Meia dúzia de sonhos partidos, a seus pés, como cacos de vidros.
Digam lá se as madames do Alvor são tão lindas como esta Leonor.
António Cabral, Antologia dos Poemas Durienses, Chaves, Edições Tartaruga, 1999.
Muitas das medidas legislativas, em matéria de educação, dos últimos tempos, são uma aberração completa, denunciam falta de conhecimento do funcionamento dos estabelecimentos de ensino, potenciam a instabilidade, geram insucesso, desmotivam os profissionais da educação.
São exemplos suficientes, o despacho que pretende regulamentar a distribuição da carga horária do 1º ciclo, o "estatuto" da carreira docente, a lei da aposentação e, nomeadamente, a revogação do artº 121º do antigo ecd que estipulava que aos professores que estavam à espera de aposentação, até ao final do 1º período, não fosse atribuída turma para evitar mudanças de professor.
Para já não falar do concurso de professores titulares e do congelamento de tempo de serviço para progressão, à custa do que se vão gabando de controlar o défice. Pudera, se eu deixar de pagar`aos meus fornecedores também sou capaz de poupar algum.
Esperteza saloia, com devido respeito aos saloios.
MENINO: - (fora de cena) Desculpe! Estragón detém-se. Olham ambos para de onde vem a voz.
ESTRAGON: - Lá vamos nós outra vez..
VLADIMIR: - Aproxima-te, meu filho.
Entra o Menino, timidamente. Detém-se.
MENINO: - Senhor Alberto...?
VLADIMIR: - Sim.
ESTRAGON: - O que é que tu queres?
VLADIMIR: - Aproxima-te.
O Menino não mexe.
ESTRAGON: - (autoritário) Então, não ouves o que te dizem?
O Menino aproxima-se timidamente, detém-e.
VLADIMIR: - O que é?
MENINO: - O Sr. Godot...
VLADIMIR: - Claro... (Pausa.) Aproxima-te.
ESTRAGON: - (violento) Tu queres fazer o favor de te aproximar! (O Menino avança timidamente.) Porque é que demoraste tanto tempo?
VLADIMIR: - Tens um recado do Sr. Godot?
MENINO: - Tenho.
VLADIMIR: - E então o que é?
ESTRAGON: - Porque é que demoraste tanto tempo?
O Menino olha alternadamente para cada um deles, sem saber o que responder.
VLADIMIR: - (para Estragon) Deixa-o em paz.
ESTRAGON: - (violento) Deixa-me tu em paz! (Avançando para o Menino.) Fazes ideia de que horas são?
MENINO: - (recuando) A culpa não é minha.
ESTRAGON: - Então de quem é? É minha?
MENINO: - E u estava com medo.
ESTRAGON: - Medo de quê? De nós? (Pausa.) Responde!
VLADIMIR: - Já percebi, teve medo dos outros.
ESTRAGON: - Há quanto tempo é que estás aqui?
MENINO: - Há um bom bocado.
VLADIMIR: - Tiveste medo do chicote.
MENINO: - Tive.
VLADIMIR: - Dos berros.
MENINO: - Sim.
VLADIMIR: - Dos dois homens grandes.
MENINO: - Sim.
VLADIMIR: - Conhece-los?
MENINO: - Não.
VLADIMIR: - Tu ésa natural daqui? (Silêncio.) És daqui?
MENINO: - Sou.
ESTRAGON: - Isto é tudo uma data de mentiras. (Sacudindo o Menino pelo braço.) Diz-nos a verdade.
MENINO: - (tremendo) Mas essa é a verdade!
VLADIMIR: - És capaz de o deixar em paz! O que é que se passa consigo? (Estragon solta o Menino, afasta-se, cobrindo a cara com as mãos. Vladimir e o Menino observam-no. Estragon deixa cair as mãos, a cara mostra perturbação.) O que é que se passa consigo?
ESTRAGON: -Sou infeliz.
VLADIMIR: - Não me digas! Desde quando?
ESTRAGON: - Já me esqueci.
VLADIMIR: - É extraordinário as partidas que a memória nos prega! (Estragon tenta falar, desiste, coxeia até ao seu lugar, senta-se e começa a descalçar as botas. Para o Meniono.) Então?
MENINO: - O Sr. Godot ---
VLADIMIR: - Não é a primeira vez que te vejo, pois não?
MENINO: - Não sei.
VLADIMIR: - Não me conheces?
MENINO: - Não.
VLADIMIR: - Não estiveste cá ontem?
MENINO: - Não.
VLADIMIR: - É a primeira vez?
MENINO: - É.
Silêncio.
VLADIMIR: - Palavras, palavras. (Pausa.) Fala.
MENINO: - (apressado) O Sr. Godot disse-me para vos dizer que não vem esta noite mas que vem amanhã sem falta.
Silêncio.
...
Samuel Beckett - À espera de Godot - Livros Cotovia
O vídeo não está famoso. Com uma câmara de fotos que também faz vídeos, foi difícil mantê-la mais ou menos fixa, sem tripé. O lugar onde eu estava sentado não permitia maior aproximação. Mas deu-me um enorme prazer assistir a este espectáculo e poder partilhá-lo, desta forma com quem quiser. Divirtam-se!
Mandaram-me este jogo por mail . Adorei. Não é que alivia o stress! Quis melhorá-lo de forma que o prazer e o alívio pudessem ser optimizados. Pedi ajuda a um boneco do anterozóide (a quem agradeço desde já) e convido os meus amigos e amigas a tentar bater o recorde. Força (literalmente).
Confesso que não estava à espera de que, 34 após o 25 de Abril de 1974, alguém pudesse invadir a sede de um sindicato para procurar material "subversivo" que eventualmente seria distribuído à população aquando da visita do primeiro ministro a uma escola pública.
Não só é vergonhoso, como é perigoso, na exacta medida de que põe a nu a verdadeira face deste senhor que de socialista já provou não ter nada e que, agora, de democrata também não. A forma insultuosa como se dirigiu aos sindicatos, a propósito do discurso presidencial, afirmando que uma coisa são os professores e outra os sindicatos, a cassete " já gasta do discurso do papão do comunismo tão utilizado pelos fascistas do tempo da outra senhora e o gesto pidesco da invasão das sedes de forças de oposição só denota a completa inaptidão deste senhor para governar um país que alguns resgataram ao fascismo para viver em liberdade e em democracia.
Este senhor só tem uma saída: DEMITA-SE. Já não tem condições para conduzir os destinos de um país que não quer voltar ao tempo de escuridão que PIDE e FASCISTAS fizeram durar 5 décadas. Tempo suficiente para sabermos bem o que queremos para o nosso país.