a monodocência
Este ministério é mesmo o Ministério da Incompetência. Tem uma tendência para o disparate confrangedora. E não aprende. A seguir a um erro comete ainda mais. Não faz auto-avaliação, não admite os erros. Não reconhece a sua inépcia para governar o país em matéria de educação.
Não bastam os sucessivos insucessos (diria desaires) para fazer abrandar a sua irresponsabilidade. E que dizer da sua cegueira política. Qualquer pessoa bem intencionada e séria já teria pedido a demissão depois de ver as suas medidas tão contestadas por alunos, professores, pais e até tribunais.
Mas não. Convencida de que possui a Verdade Absoluta, esta equipa ministerial prossegue a sua sanha contra tudo e contra todos. e com isso é a Escola Pública que vai sendo minada por dentro até à descredibilização total.
Desta vez, o coelho tirado da cartola foi uma espécie de monodocência para o 2º ciclo. Curiosamente, tenho vindo a assistir a uma tentativa de alguns agrupamentos em gerir o 1º ciclo à imagem do 2º. sem ter em conta a especificidade daquele ciclo de ensino. O Secretário de Estado Valter Lemos anuncia agora a ideia peregrina de estender ao 2º ciclo a experiência da monodocência do 1º. Mas quem disse a este senhor que a monodocência o melhor para um e outro ciclos? Fez-se alguma avaliação séria e fundamentada?
Para muitos docentes a monodocência não serve os interesses de sucesso dos alunos porque se assenta na ideia do professor generalista que, como diz "A Educação do Meu Umbigo", "é a pior praga que existe", "que tendo que saber tudo acaba por não saber nada ". Para o Abnóxio a monodocência é um "crime educativo".(citado em " A Educação do Meu Umbigo)
Não concordo com a monodocência no 1º ciclo (nem no 2º) porque, para além de outras razões, ao mantermos a organização do ensino com base em professores de perfil generalista estamos a manter "arquipélagos de solidão", como diz José Pacheco. ( também citado aqui. ) Porque estamos a reduzir o currículo do 1º ciclo ao retrógrado "ler, escrever e contar", deixando as áreas das expressões para um plano secundário, como se depreende do recente despacho do secretário de estado sobre a carga horária para o 1º ciclo.
Embora concordando com a opinião da "Educação do Meu Umbigo" na generalidade dos seus textos, não posso deixar de manifestar a minha discordância quando considera que "a proposta de tornar o sistema actualmente em vigor no 1º CEB extensível ao 2º CEB " "significaria um alargamento da infantilização do ensino e do alongamento da descaracterização do currículo dos alunos para 6 anos".