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"à espera de godot"

"... é uma coisa que não é, mas faz de conta que é para ver como seria se fosse."

"à espera de godot"

"... é uma coisa que não é, mas faz de conta que é para ver como seria se fosse."

29.Mar.07

os professores generalistas

Recorro de novo ao jornal Público para, desta vez, trazer aqui as palavras esclarecidas de Luísa Araújo (Professora de Ciências de Educação) publicadas, na edição de ontem, no artigo com o título "Um professor deve ensinar todas as disciplinas até ao 6.º ano?" e subtítulo "Vários países com melhor desempenho escolar que nós privilegiam a especialização por anos de ensino e por disciplinas"

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"O ritmo com que o Ministério da educação anuncia medidas atrás de medidas  tem um efeito curioso: ninguém discute as implicações que cada uma delas e todas elas, no seu conjunto, podem ter no nosso sistema educativo. uma das últimas medidas anunciadas consistiu em aproveitar o tratado de Bolonha para organizar a formação de professores de modo a que a habilitação ou profissionalização abranja o 1.º e 2.º ciclos do ensino básico. quer isto dizer que um mesmo professor vai passar a poder ensinar todas as disciplinas nucleares - Língua Portuguesa, Matemática, estudo do Meio/História e Ciências - desde o 1.º até ao 6.º ano de escolaridade."

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"Por exemplo, em França , Inglaterra e república Checa, os alunos começam a ter professores diferentes para diferentes disciplinas no 6.º ano. Nos países em que a formação generalista domina até ao 6.º ano, há um outro tipo de especialização: o mesmo professor ensina todas as disciplinas apenas durante dois anos. ou seja, em vez de acompanhar a mesma turma durante quatro ou seis anos, o professor acompanha os alunos durante dois anos. Na prática, o que acontece é que o professor se especializa no ensino dos dois primeiros anos ou no terceiro e quarto."

(...)

"No caso finlandês, o país com melhor desempenho em testes internacionais, o facto de os professores se especializarem nos dois primeiros anos de escolaridade pode ter um impacto muito positivo, pois a iniciação à leitura e à escrita é a área principal a privilegiar. como resumiu um dos cientistas participantes no último painel sobre o ensino da leitura nos e>stados Unidos, ensinar a ler é uma ciência complexa."

(...)

"Com efeito, não só o professor tem a oportunidade de se especializar durante a sua formação, como se vai especializandoao longo da sua carreira, pois ensina os mesmos anos durante um período de tempo longo. E, como seria de esperar, vários estudos mostram que um dos factores que mais influenciam o sucesso escolar dos alunos é a experiência do professor. Em geral, um professor consegue melhores resultados à medida que se torna mais experiente.

os dados são inequívocos. Primeiro, não se pode concluir que uma formação generalista contribua para acabar ou sequer mitigar o insucesso escolar. Segundo, vários países com melhor desempenho escolar que Portugal, entre eles a Finlândia, privilegiam a especialização tanto por anos como por disciplinas. Em Portugal, um modelo de formação de professores generalista que mantém o acompanhamento dos alunos por quatro ou seis anos sem delinear uma área de estudos especializada constitui um potencial agravamento do desastre que já é o nosso sistema de ensino." 

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Concordo plenamente

O que eu acho é que esta ministra e seus secretários estão mais empenhadas em mudar, mudar tudo, mudar só para mudar, muadra pela mudança, sem ter em conta as consequências da sua acção aventureirista e irresponsável. O problema é que os resultados desta campanha de destruição, que já começam a sentir-se, vão ser mais evidente e, então, irreversíveis quando estes senhores já não ocuparem as cadeiras do poder (já não falta muito). Nessa altura, a culpa (que é uma cabra que anda no monte e ninguém a quer) irá morrer solteira, uma vez mais.