futuro
queria acordar
fora do sonho que aprisiona
e regressar à voragem
dos dias calmos
sem teias nem cancelas
como se não houvesse futuro
e fosse o voo dos pássaros
interdito
no último sopro
do corpo cansado
carlos silva
o medo à liberdade
de repente
estavas em cima do muro
olhando para dentro de ti
um abismo
hesitaste entre o salto e o voo
como se a vida dependesse de ti
naquele instante de pedra
desenhaste nos lábios
um desejo
de eternizar o gesto subtil
dos teus cílios
e enquanto o corpo caía exangue
no mar etéreo da liberdade
o medo assaltava
os caminhos do teu olhar
carlos silva